Uma das maiores preocupações hoje, quando se trata de saúde pública, é desrespeito à saúde do idoso. Segundo, algumas projeções estatísticas o número de idosos no mundo mais que dobrará até o final das próximas três décadas. Como já mencionamos, as interações de modificações normais do envelhecimento associadas àquelas decorrentes de processos patológicos são responsáveis por diversas doenças, que são muitas vezes mais graves nos idosos do que nos adultos.
Uma dessas doenças que possui uma epidemiologia preocupante é o câncer de próstata. É uma doença crônica, sendo o tipo de câncer de maior incidência nos homens, e segundo dados do INCA, no Brasil a taxa de mortalidade desse câncer de acordos com dados do ano de 2006, foi de 15,29 homens a cada 100 mil. Infelizmente, esses números estão aumentando, e é por isso que hoje abordarei esse assunto, para tentar evitar que vocês leitores homens sejam displicentes com essa doença de alta incidência.
Para abordar esse tema, vou explicar primeiro o que é a próstata. A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, de um tamanho aproximado de uma ameixa, localiza-se posteriormente a bexiga, constituída de musculatura lisa e tecido fibroso. A próstata produz o líquido prostático que corresponde a aproximadamente 20% do sêmen (líquido liberado na ejaculação). Na glândula ocorre também a transformação do principal hormônio masculino, testosterona em *diihidrotestosterona . A próstata envolve a uretra e também tem uma relação de proximidade com o reto. A próstata pode ser dividida em quatro regiões anatômicas - periférica, central, transicional e periuretral – essas segmentações são importantes já que o câncer tem incidência maior em algumas regiões.
A próstata começa a aumentar de tamanho após os 45 anos, esse processo não foi ainda completamente desvendado, mas sabe-se que como a glândula “abraça” a uretra esse aumento, chamado Hiperplasia Benigna da Próstata, tem alguns sintomas bem claros, como jato urinário fraco, dificuldade para conter a urina.
O câncer de próstata ou neoplasia da próstata, é causado a partir de alterações das células epiteliais da glândula. As neoplasias se dividem em adenocarcinomas, sarcomas e carcinomas, sendo que os adenocarcinomas são os de maior ocorrência, eles se localizam principalmente nas zonas periféricas. Mas, afinal como surgem esses adenocarcinomas?
O epitélio prostático sofre algumas variações fenotípicas e genotípicas, resultado de falhas nos processos de diferenciação e multiplicação celular. Geralmente, as anormalidades estão associadas a alterações na expressão dos receptores de fatores de crecimento e/ou genes supressores de tumor. As células tumorais são incapazes de produzir as proteínas que formam os hemidesmossos (o que conecta a célula a membrana basal, funciona similarmente à uma âncora, prendendo a célula a determinada região), assim são capazes de circular pelo tecido, produzindo proteínas semelhantes às das membranas basais, o que as fazem capaz de se ligarem e penetrarem no tecido invadido. Como esse células mutadas possuem fatores de multiplicação celular, elas se proliferam rapidamente pelo tecido invadido. As células tumorais expressam receptores de androgéno nuclear (ajuda no controle do desenvolvimento, manutenção e regulação do sistema reprodutor masculino), e as enzimas 5-α-redutase do tipo 1 e 2.
Hoje, são feitos diversos estudos histológicos dos adenocarcinomas de próstata, e os tumores podem ser classificados de diversas formas, a mais utilizada é a graduação de Gleason. Os tumores são classificados em GRAU 1 – tumor que consiste em glândulas pequenas, uniformes, com alterações nucleares discretas; GRAU 2 – tumor com ácinos de tamanho médio; GRAU 3 – tumor com grande variação no tamanho e invasão de tecidos vizinhos; GRAU 4 – tumor que mostra grande anomalia celular e com extensa infiltração; GRAU 5 – tumor caracterizado por camadas de células indiferenciadas.
A maioria dos tumores prostáticos são assintomáticos, daí a importância do exame regular do toque retal. O tumor é suspeitado clinicamente através de um nódulo enrijecido que pode ser palpado pelo canal anal, isso pelo relação de proximidade das estruturas, como já citei acima. Quando os sintomas aparecem, geralmente são: presença de sangue na urina, dor ou queimação ao urinar, necessidade frequente de urinar, jato urinário fraco.
Sabe-se que o câncer de próstata está diretamente ligado a idade, mas existem outros fatores que são considerados de risco para o aparecimento dessa doença. Dentre eles podemos citar, a alimentação baseada em gordura de origem animal e fator de hereditariedade.
O diagnóstico desse tipo de câncer pode ser feitas de diversas formas, dentre elas a mais famosa por ser a mais rápida, simples, e muito eficiente, o exame do toque retal, nela um médico treinado introduz o dedo indicador recoberto por uma luva no ânus do paciente afim de palpar a porção anterior do reto, onde se localiza a prótata. Por esse exame, é possível verificar se há um aumento da glândula ou a presença de enrijecimento ou nódulos.
Além desse exame, existe a possibilidade de ultra-sonografia ou ecografia transretal, onde um transdutor é introduzido no reto do paciente através do ânus, e funciona de modo semelhante ao exame do toque. Sabendo-se que a próstata produx um antígeno, chamado PSA, pode ser feito um exame de sangue para que essa substância seja dosada, quando ela está muito aumentada, significa que houve uma alteração maligna das células da glândula. Esses exames direcionam para a biópsia prostática transretal, que conseguem diagnosticar com precisão o grau do tumor.
Espero que vocês tenham compreendido bem, a importância de abordar esse tema, e mais uma vez peço que mantenham uma alimentação saudável e façam os exames com frequência, para que possamos reduzir a incidência de doenças como essa, que quando há a falta de cuidado pode até levar a morte!!!
“A procura da verdade é difícil e é fácil, já que ninguém poderá desvendá-la por completo ou ignorá-la inteiramente. Contudo, cada um de nós poderá acrescentar um pouco do nosso conhecimento sobre a natureza e, disto, uma certa grandeza emergirá.”
(Aristóteles, 350 AC)
Meyrianne Almeida
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