Alterações nos mecanismos fisiológicos e moleculares de uma pessoa ocorrem com o aumento de idade, caracterizadas por um declínio funcional e estrutural. Existe, hoje, um consenso entre os gerontólogos que o envelhecimento além de ser um processo complexo, é também multifatorial, ou seja, o ato de envelhecer é desencadeado por diversos motivos que podem ou não serem simultâneos.
Algumas mudanças são mais perceptíveis quando se chega à terceira idade: são chamadas mudanças anatômicas. O embranquecimento dos cabelos, e aumento da queda deles, com menor substituição natural, isso ocorre com frequência nos homens, a calvície. A textura da pele se modifica pela perda de colágeno. As vísceras, devido à redução metabólica, perdem peso. No sistema cardiovascular são observadas hipertrofia e dilatação do ventrículo esquerdo do coração, e dilatação também do arco aórtico (responsável por bombear o sangue arterial para todo o corpo), isso porque com o avançar da idade existe a tendência de um aumento na pressão arterial. Além dessas, o idoso sofre com enfraquecimento do tônus muscular e das estruturas ósseas, que acarreta a acentuação das curvaturas da coluna vertebral, lordoses e cifoses. Além disso, as articulações se tornam menos flexíveis, com tantas modificações no aparelho locomotor, a pessoa tem um déficit no equilíbrio e no próprio ato de andar.
Abordarei neste post a respeito de uma doença que acomete um enorme número de idosos, a OSTEOPOROSE, e que está relacionada com essas mudanças que o sistema locomotor sofre. Assim como outros tecidos do corpo, o tecido ósseo é renovado, num processo em que as células velhas são removidas e substituídas por células novas, o desequilíbrio desse processo, onde a massa óssea diminui, caracterizando uma desordem esquelética que compromete a força óssea e predispõe o indivíduo a um aumento no risco de fraturas, isso caracteriza a osteoporose.
A estabilidade entre os processos de formação e reabsorção óssea se dá durante a vida adulta, eles ocorrem na mesma velocidade, o que mantem constante a taxa de densidade óssea. Por volta dos 40 anos a taxa de densidade óssea sofre reduções, ou seja, a velocidade de formação é menor que a de reabsorção. Entretanto, em condições normais as mulheres já possuem os picos de densidade óssea menor que os dos homens, por isso são mais acometidas por essa doença. Além disso, as mulheres quando entram na menopausa perdem um fator de proteção, o estrógeno, hormônio feminino que dentre outras funções promove a inibição da reabsorção de óssea.
À essa renovação óssea dá-se o nome de “Remodelação óssea”. A célula primordial do tecido ósseo, os osteócitos, originam as duas células que participam diretamente desse processo, os osteoblastos, formadoras de ossos, e os osteoclastos, as reabsorvedoras. A remodelação ocorre em vários sítios do corpo, os chamados BMUs (unidades básicas multicelulares de remodelação óssea).
A reabsorção se inicia quando os osteoclastos se ligam na superfície óssea e liberam ácidos e enzimas que degradam essa estrutura – cálcio, colágeno e outros minerais- após isso ocorrer, essas células liberam na circulação produtos da degradação, como C-telopeptídeo de colágeno (CTx), que pode ser medido para verificação dos níveis de reabsorção. Depois disso, os osteoclastos sofrem apoptose (morte programada), e se inicia, então, a fase de formação óssea. Os osteoblatos são atraídos para uma fissura óssea criada pelos osteoclatos na fase anterior, onde a preenchem e começam a sintetizar colágeno e outras proteínas ósseas. Assim, o cálcio, principal mineral formador do osso, o fósforo e outros minerais, se ligam ao colágeno e se cristalizam, formando a hidroxiapatita, que é cerca de 90% da matriz óssea. Durante essa última fase, os osteoblastos liberam na circulação a enzima fosfatase alcalina óssea, e a proteína osteocalcina, elas podem ser dosadas no sangue, sendo indicadoras de atividade osteoblástica.
A regulação do cálcio no organismo é fundamental para a remodelação óssea, já que ele é um dos principais componentes da matriz óssea. A homeostase do cálcio é feita pelos hormônios paratireoidianos (PTH), a vitamina D e a própria ingestão de cálcio. Quando as glândulas paratireoides recebem um sinal de níveis baixos de cálcio no sangue, elas secretam esse hormônio. Ele atua de diversas formas para aumentar as taxas de cálcio em circulação. Na osteoporose o PTH tem papel relevante: ele estimula os osteoclastos a degradarem os ossos, liberando cálcio no sangue. Nos rins o PTH estimula a reabsorção de cálcio durante a filtração, e também estimula o intestino delgado a absorver mais cálcio, essa última indiretamente. O PTH auxilia a transformação de vitamina D3 – sintetizada na pele com a incidência de raios ultravioletas- em vitamina D, essa age diretamente no intestino delgado aumentando a absorção de cálcio. Assim níveis altos de PTH e vitamina D são características de pessoas com osteoporose.
Essas são as fraturas mais comuns em pessoas com osteoporose. No femur; o maior osso da perna. No úmero; osso do braço. No rádio; osso do antebraço. E nas vertebras da coluna. |
Agora que já sabemos como ocorre a osteoporose, é importante saber como prevenir e como funciona o tratamento. Abaixo, algumas DICAS para prevenir essa doença:
1.Alimente-se corretamente: uma dieta equilibrada garante os níveis necessários de cálcio.
2.Pratique exercícios físicos: eles ajudam na construção de ossos saudáveis, porém procure aquele adequado a sua idade, de preferência busque uma recomendação médica.
3.Evite fumar: o cigarro aumenta a perda óssea.
4.Evite o consumo excessivo de álcool.
5.Tome sol.
6.A partir dos 40 anos faça o exame de densitometria óssea anualmente.
7.Procure um médico se você é mulher e está entrando na menopausa, para que ele possa recomendar um reposição hormonal adequada.
Quais são os TRATAMENTOS para osteoporose?
1.Terapia da reposição hormonal: é feito pós-menopausa, e busca aumentar os níveis de estrógeno no sangue.
2.Bisfosfanatos: são drogas que inibem a ação dos osteoclastos.
3.Calcitonina: é um regulador endógeno da homeostase do cálcio, inibindo a reabsorção óssea.
4.Cálcio e vitamina D: são prescritos conjuntamente, a vitamina D promove a maior absorção desse cálcio.
É bom lembrar que esses não são os únicos tratamentos existentes, e cada dia a medicina tenta novas alternativas de tratamento, que sejam mais eficazes. Reforço a importância de se preocupar o quanto antes com a osteoporose, para os mais novos, manter uma vida sáudavel faz toda a diferença para não tê-la. Agora, para os que já chegaram a terceira idade, lembre-se de que nunca é tarde para mudar os hábitos ruins.
Referências:
http://www.scielo.br
Juliet E. Compston, Clifford J. Rosen - Osteoporosis
Postado por:
Meyrianne Almeida Barbosa
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